No vento e na terra, 1991. Iberê Camargo

Ciclistas em rota de colisão


No vento e na terra, 1991. Iberê Camargo
No vento e na terra, 1991. Iberê Camargo

No dia 14 de janeiro, uma ciclista, Márcia Regina, morreu atropelada na avenida Paulista.

Ciclista experiente, ela ocupava o lugar correto na via, o mais à direita possível, quase rente ao meio-fio, seguindo na direção do fluxo dos veículos. Não foi o bastante, porém, para escapar de um ônibus que trafegava justamente naquela faixa mais à direita. Ela foi derrubada e terminou esmagada pela roda traseira do coletivo.

O triste caso ganhou repercussão na imprensa, para a qual contribuí com uma entrevista para o jornal Folha de São Paulo. Leia a entrevista, antes de prosseguir. As opiniões ali causaram alguma polêmica, e até uma certa revolta, entre os cicloativistas – uma comunidade realmente ativa na defesa entronizada da bicicleta.

Como nem sempre o que se escreve é o que se lê, vou deixar claro que:

    • Não amo carros, não amo motos,  nem defendo que as cidades sejam o reino da locomoção motorizada. As cidades foram REconstruídas no Século XX para o livre trânsito dos carros – mas isso foi uma OPÇÃO política, aqui e em toda parte; outros caminhos eram possíveis.
    • Não odeio bicicletas, muito pelo contrário. Aliás, não conheço um único ser humano que odeie bicicletas; conheço muitos, porém, que não aprenderam a pedalar, mas gostariam, tenho certeza. A quem interessar, pedalo desde os 5 anos de idade. Cresci indo para a escola e, mais tarde, para o trabalho, em Brasília, todos os dias pedalando. Tenho uma GT full suspension, já um tanto velha-de-guerra, que eu adoro, mas só uso fora de São Paulo, onde vivo hoje. Minha vida de ciclista morreu nessa cidade, mas sobrevive em qualquer outra, quando tenho oportunidade de sair fora.
    • Trabalho com educação para o trânsito há mais de 15 anos. Acredito na educação, portanto, e tenho certeza de que a educação pode realizar verdadeiras revoluções, mas não pode tudo. Imaginar que partilharemos as ruas promovendo a gentileza, o respeito mútuo, a civilidade, a solidariedade, em suma, moralizando as relações no espaço público, é de uma ingenuidade inaceitável.  Falta tudo isso, é verdade, em nossas relações na rua, mas não é por isso que a bicicleta não encontra espaço na cidade. Podemos pensar em segregá-la dos demais veículos, em ciclovias, ou implementar a redução dos limites de velocidade nos centros urbanos. Há muitas opções de ação.

Mudamos as condições materiais reais E mudamos a consciências – uma coisa sem a outra não passa de moralismo vazio.

Ciclista. Iberê Camargo

Esclarecidas as idéias, vamos aproveitar a oportunidade para refletir mais detidamente sobre bicicletas, ciclistas e como ambos estão colocados em rota de colisão na grande cidade.

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Márcia era uma ativista no uso da bicicleta como forma de melhorar o trânsito e a qualidade do ar da cidade. Nada mais correto nesses tempos de debate sobre a sustentabilidade das megacidades do Século XXI. O automóvel e, mais ainda, a motocicleta produzem a INsustentabilidade dessas cidades – a hegemonia do transporte motorizado individual nos levará a um colapso da mobilidade e da qualidade de vida urbana. É o que já experimentam os paulistanos (que julgam que vivem o cotidiano do inferno, mas ainda não imaginam o que está por vir, quando varias dezenas de milhões de habitantes estufarem os limites da cidade, emendando-a definitivamente em uma gigantesca região metropolitana).

É certo que a hegemonia dos carros deverá ser vencida, a despeito das conveniências do poder e da indeterminação dos governos. A questao é saber se promover o uso da bicicleta é mesmo uma saída ou apenas uma cortina de fumaça de quem não quer nem sabe como enfrentar o problema.

O Brasil só fabrica menos bicicletas do que a China e a Índia. Somos ainda uma nação de ciclistas. Estima-se que nossa frota de bicicletas some 60 milhões de unidades atualmente. Quando se viaja para dentro do Brasil, na direção dos pequenos centros urbanos, pelo interior do Ceará, do Mato Grosso ou de Goiás, é fácil redescobrir que a bicicleta foi o verdadeiro meio de transporte popular por muitas décadas. Essa é, no entanto, uma cultura minguante, que vem sendo substituida rapidamente pelas motocicletas. A transição em massa para as duas rodas motorizadas é  um fenômeno indiscutível do aumento da renda da população, como já apontaram várias vezes o IPEA e o IBGE. Resultado: em Mossoró (RN), 80% da frota atualmente é de motocicletas! e esse não é  um número para se comemorar: ele representa o abandono de uma história e de uma cultura (que abrange, ainda, a inutilização do velho burrinho na lida rural, largados hoje no meio da caatiga) e a chegada de um novo padrão de acidentalidade de alto custo humano e social.

Resgatar essa cultura será cada vez mais difícil nas pequenas cidades; nas maiores, ela desapareceu há  tempos, subsistindo como fato nas franjas pobres do centro urbano. Em 2007, foram realizadas cerca de 300 mil viagens de bicicleta por dia na região metropolitana de São Paulo, 71% delas por motivo de trabalho, segundo a pesquisa Origem-Destino, realizada pelo Metrô paulistano.

Não deixa de surpreender que a bicicleta – o velho e bom veículo do trabalhador, ainda cumpra sua função. Em uma cidade como São Paulo, no entanto, a bicicleta corresponde a apenas 1% do total de viagens dos habitantes, de acordo com o Sistema de Informações da Mobilidade Urbana 2007, produzido pela ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos).  Quando falamos em “promover” o uso da bicicleta, portanto, estamos nos referindo a um meio de transporte absolutamente insignificante em São Paulo (assim como, aliás, em praticamente todos os centros urbanos com mais de 1 milhão de habitantes no país).

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É possível que as viagens de bicicleta sejam assim tão inexpressivas justamente porque seu uso nunca foi incentivado por ninguém. Eis mais um motivo justo para promover o uso desse veículo limpo. A migração de motoristas de carros e motos para o pedal das bikes, manteria, assim, o predomínio do transporte individual (que ninguém quer, convenientemente, questionar), mas pelo menos poupar-se-iam o meio ambiente e a saúde coletiva. Entretanto, qual seria o impacto real dessa mudança? Digamos que conseguissemos elevar o número de viagens de bicicleta em 10 vezes o que se tem hoje – uma meta ambiciosa. Qual seria a redução nos congestionamentos? Qual seria a redução na emissão de poluentes? Onde estão as estimativas objetivas desses ganhos?

Decuplicar o número de viagens de bicicleta, por outro lado, pressupõe que será agregado às bicicletas um contingente de “novos ciclistas”. De onde eles viriam? Quem goza do privilégio de morar perto do trabalho em São Paulo seria um ótimo candidato. A despeito do calor, do suor e de um certo desgaste, a bicicleta cobriria com tranquilidade o pequeno trajeto, permitindo o abandono do carro na garagem das residências.

Porém, se a distância for curta realmente, não seria melhor caminhar? Se é para lutar pelo meio-ambiente e pela saúde coletiva, muito melhor seria promover o pedestrianismo – pouparíamos todo o processo industrial de fabriação e embalagem de milhões de bicicletas e nos uniríamos pela melhoria de calçadas melhores em toda parte, travessias bem sinalizadas, tempos semafóricos priorizando os pedestres e assim por diante! Muito mais gente se beneficiaria dessa bandeira (vale lembrar: 30% de todas as viagens em São Paulo se fazem a pé).

Trocar o carro pela bicicleta seria, de qualquer forma, um ganho. O difícil é acreditar que um número expressivo aderisse à nova onda por vontade própria. Dizem que as consciências hoje moram nos bolsos e nas carteiras. Talvez se o custo do uso do carro se tornasse muito maior… Como está fora de cogitação a proibição total da propriedade do carro, a eventual restrição econômica ao uso do automóvel  – o pedágio urbano – poderia arrebanhar um grupo adicional para a turma dos ciclistas ou simplesmente tornar-se um ônus a mais (como já há o IPVA, os impostos compulsórios sobre o combustível, o preço dos estacionamentos particulares e tantos outros). Paga-se; incorpora-se ao Custo-São-Paulo (uma das cidades mais caras do mundo, diga-se de passagem).

Quem não usufrui dessa condição econômica, porém, teria uma escolha a fazer: a consciência de preservação da qualidade de vida e do meio ambiente, proporcionada pela bicicleta, ou o cálculo individual do maior conforto, maior rapidez e menor gasto de energia física, proporcionado pelo uso transporte coletivo? Não é plausível que alguém prefira pedalar 40km/dia da zona sul da cidade até o centro e de volta para casa, se isso puder ser feito de ônibus e metrô, utilizando-se um único bilhete. O incentivo ao uso da bicicleta, um meio de transporte individual, pode desembocar, assim, em um resultado imprevisto, que é a demanda por transporte público!

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Vamos imaginar, porém, por um instante, que o cidadão preferisse, sim, realizar suas viagens pela cidade de bicicleta, mesmo que isso significasse pedalar 40km/dia, todos os dias. Por onde ele pedalaria? Nas vias públicas, é claro. Não restaria ao “novo ciclista” outra opção senão partilhar a rua com os demais usuários – isto é, todos os veículos motorizados, já que os pedestres têm seu próprio espaço de circulação. A pista de rolamento é, afinal, destinada aos veículos que se locomovem sobre rodas. Pois bem, foi justamente o exercício desse direito legítimo, naquele meio metro de asfalto da Paulista, que levou à morte de Márcia Regina. E isso nos traz a uma questão crucial: é possível partilhar a via?

A idéia de “partilhar” a via é uma daquelas que soam tão bem! Uma unanimidade mundial – os franceses conclamam:

partager la route!”

Que bonito! A idéia aponta para um mundo melhor; quem poderia discordar? Partilhar o espaço público de modo justo e equânime é, supostamente,  um direito constitutivo da cidadania – todos os cidadãos têm o direito inalienável de ir e vir nos espaços abertos, supostamente, à circulação. Perante a Constituição somos todos iguais. Nossa humanidade comum nos iguala. Partilhar é, antes de tudo, um ato de convivência social, um dar e receber fraternal que permite a existência cotidiana de nossa sociedade.

Na vida real, porém, nada se passa dessa maneira. As calçadas, por exemplo, não estão abertas à circulação de todos, nem sequer do ciclista: elas são um espaço exclusivo dos pedestres. A ponte Rio-Niterói existe exclusivamente para o trânsito de veículos automotores; ciclistas e pedestres estão proibidos de utilizar esse espaço. Os corredores exclusivos dos ônibus, não estão abertos à circulação nem de ciclistas, nem de motociclistas. A organização real do espaço viário revela o que o bonito conceito de partilhamento esconde:

NO TRÂNSITO, NÃO SOMOS IGUAIS

Os diferentes modos de locomoção e, sobretudo, a potência de velocidade de deslocamento de cada um, introduzem a desigualdade no uso do espaço público e, portanto, determinam condições de segurança muito díspares para cada um dos usuários. É possível garantir segurança quando misturamos na mesma via veículos cuja massa e velocidade são tão superiores às da bicicleta? E o que dizer dos pedestres? Por que os pedestres não compartilham o mesmo espaço com caminhões, carros, motos, ônibus e bicicletas?  Não é mera coincidência que a urbanização das cidades seja, também, um processo de construção de espaços exclusivos para os pedestres – as calçadas isolaram o pedestre do fluxo dos demais veículos porque não há outra maneira de garantir-lhes segurança no trânsito (ainda assim, vejam só, cerca de 14% dos atropelamentos de pedestres em São Paulo acontecem nas… calçadas!).

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Promover o uso da bicicleta sem oferecer um padrão de segurança viária para esse veículo, em uma cidade cujo sistema viário encontra-se além da saturação, é uma política irresponsável. E de que modo se pode garantir segurança para o ciclista? Segregando-o dos demais veículos, em vias próprias e exclusivas – a ciclovia. A ciclovia é a prova de que não é possível garantir segurança a todos os usuários da via ao mesmo tempo. VIVA A CICLOVIA! Berlim tem 753 km de ciclovias; Paris, 437 km; Bogotá, 340 km; Rio de Janeiro, 200 km, ao longo de sua bela orla; e São Paulo tem… 22,5 km, dos quais 19 km ficam dentro de parques, ligando o nada ao lugar nenhum. Não vale a pena comentar, certo?

Não é sempre viável, entretanto, sair por aí fazendo ciclovias. Nem mesmo quando elas emplacam como prioridades da política local. Aliás, é questionável que elas sejam a única ou melhor solução em todas as situações. Ao invés delas, temos muitas outras opções.

Podemos, por exemplo, começar impondo uma obediência estrita das regras do trânsito para TODOS os usuários – o que seria, isso sim, uma revolução digna do nome. O cotidiano do trânsito é um exercício de transgressão das regras em nossa sociedade – ninguem gosta de admitir, mas sabotamos deliberadamente cada linha do código de trânsito. TODOS sabotamos: pedestres, motoristas, ciclistas, caminhoneiros e, é claro, ciclistas, que ainda acreditam que devem transitar no contrafluxo, que os pedestres atrapalham a biciceta nas calçadas, além de ignorarem solenemente capacetes e luvas. Mas para que obedecer regras, se a fiscalizacao é pífia e a impunidade certa?

Muito mais ousado seria revermos os limites de velocidade nos centros urbanos, como fizeram os europeus e norte-americanos ao longo da década de 80. Se a proposição do pedágio urbano provoca medo em muita gente, impor uma revisão das velocidades máximas é um horror inominável, quase um atestado de óbito para qualquer gestor público nesse país. As pessoas gostam de citar as ruas francesas e inglesas, como exemplos de inclusão, ao inves da segregação – lá todos “convivem”, “partilham”. O que pouca gente sabe e ninguém quer revelar é a “mágica” que viabiliza essa convivência “civilizada” de ciclistas e motoristas: a regulação e fiscalização severas das velocidade nas ruas da cidade.

A velocidade muda TUDO. A 30 km/h você restitui ao condutor do carro a possibilidade real de VER o ciclista, não tanto ao condutor do ônibus ou dos caminhões, cujos pontos cegos são imensos e insolúveis. De qualquer maneira,  equalizam-se as disparidades mencionadas acima, a partir da escala mais humana da bicicleta e asseguram-se condições de segurança melhores para os mais frágeis. Tudo de bom, certo?  De quebra, transforma-se o padrão de acidentalidade no trânsito da cidade. VIVA A BAIXA VELOCIDADE! Em Londres, as velocidades variam entre 30 e 50 km/h. Queremos partilhar as vias por aqui? Lutemos, então, pela revisão dos limites de velocidade: na avenida paulista, 50km/h, no máximo; nas vias locais 20 ou menos, e assim por diante. Vamos encarar?

Infelizmente, essa revolução não está no horizonte, a fiscalização das condutas é insignificante e a revisão dos limites de velocidade ainda está no campo do impensável.

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A real é a seguinte: o “novo ciclista” de São Paulo terá que usar o asfalto paulistano, disputado metro a metro por todos os demais. Que pelo menos, então, ele aprenda a usar o capacete e um bom par de luvas (fritar as mãos no asfalto na hora da queda é sempre dolorido e bem feio). Ou que não use nada disso, tanto faz –embaixo da roda de um ônibus, não há capacete nem luvas que ajudem muito.

Por último, em 2006,  85 ciclistas morreram no trânsito em São Paulo, de acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Um ciclista morre a cada quatro dias na cidade. E eles nem estavam lutando por um ar mais limpo, por uma vida mais saudável ou um trânsito mais humano. Eles apenas se deslocavam para o trabalho, nas bordas da cidade, em vias da periferia…

© Eduardo Biavati e biavati.wordpress.com, 2008/2013.

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Publicado por

biavati

Sociólogo, escritor, palestrante e consultor em segurança no trânsito, promoção de saúde e juventude.

5 comentários em “Ciclistas em rota de colisão”

  1. Concordo que bicicletas não são o caminho para a solução da mobilidade e do crescimento sustentável das grandes cidades. Não há como atender demandas de 30 milhões de viagens/dia na RMSP, por exemplo, com modos individuais de transporte. É possível, porém, integrar a bicicleta aos demais meios de transporte através da instalação de bicicletários junto a estações de trem, metrô ou ônibus e da construção de ciclovias que levem até eles, por exemplo. Essa é uma das quase incontáveis necessidades de investimento público em transporte que vão tomar décadas para se consolidarem.

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  2. Para além de nossa província, vale saber o que vem acontecendo em Nova Iorque. A comissária de transportes da Big Apple planeja entregar até junho próximo, 320 km de CICLOVIAS, interconectadas, cruzando todos os quadrantes da cidade. Decisão política E investimento público, ao invés de meras campanhas e chamados ideológicos à boa moral no trânsito. Confira a notícia completa em http://www.ecodebate.com.br/2009/01/08/nova-york-na-capital-do-automovel-a-bicicleta-pede-passagem-artigo-de-marcos-sa-correa/
    Abraço

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  3. Sou usuário de bicicleta como meio de transporte e participo de discussões sobre o assunto.

    Moro em Florianópolis e pedalo eventualmente por São Paulo, dentro do centro(?) e arredores, e pela gama de possibilidade de caminhos alternativos para um destino, vejo SP como mais cíclavel que minha cidade – onde alguns destinos são somente acessíveis por rodovias rápidas e perigosas.

    Ademais as questões levantadas neste post sobre conforto da bici e preferencia universal ao transporte coletivo, diferem de realidades encontradas como em algumas cidades citadas ali, por sua rede cicloviária.

    Chegar suado pode não ser tão terrivelmente inadmissível como alguns engravatados imaginam, e bicicletas adequadas para pedalar na cidade (que devem corresponder a uma parte infima da frota nacional) fazem toda a diferença e não são tào caras quanto moutain-bikes (uma full-suspension é um equipamento para trilhas esportivas ou um brinquedo caro).

    Enfim, meu ponto é que a bicicleta é um modal que permite facil integração com outros modais, demanda baixo investimento em estrutura urbana, oferece possibilidades do transporte individual porta-a-porta com qualidades do caminhar (adicionando aí a agilidade e velocidade). Sua escolha pelos cidadão é verificada em todas as cidades que deram estrutura adequada, potencializando o uso e facilitando a estrutração do transporte coletívo – basta verificar.

    Por último, o moralismo do “ser gentil no transito” e sua crítica não deixam claro que o pedestre e o ciclista são compreendidos como “fora do trânsito” e que nossa educação fortalece isso (vide autoescolas). Uma compreensão que passa por politicas publicas para educação básica (aulas de transito em escolas que não sejam só “cuidado com os carros, deixem eles passarem, não atropelem”) e real entendimento do autoritarismo que é o uso do carro no espaço público, são questões de educação que influem na segurança do transito sem serem moralistas.

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  4. Olá, Jonatha,

    Obrigado pelo comentário.

    Concordo com você que as bicicletas sejam um modo de transporte urbano altamente complementar aos demais modos de transporte. A minha crítica não se dirige de forma alguma à bicicleta, muito embora eu pense que devemos nos questionar porque não incentivar as pessoas a caminharem ao invés de pedalarem nos centros urbanos.

    O foco da minha crítica no texto é a irresponsabilidade de incentivar o uso da bicicleta em um ambiente despreparado para a bicicleta e altamente hostil à segurança do ciclista, como é o caso na cidade de São Paulo. Concordo com você que em todas cidades que deram estrurura adequada, os cidadãos privilegiaram a bicicleta. Qual é a estrutura adequada de São Paulo? Qual é o investimento público em prover essa estrutura nessa cidade?

    Vale saber o que vem acontecendo em Nova Iorque. A comissária de transportes da Big Apple planeja entregar até junho próximo, 320 km de CICLOVIAS, interconectadas, cruzando todos os quadrantes da cidade. Decisão política E investimento público, ao invés de meras campanhas e chamados ideológicos à boa moral no trânsito.

    Fazer ciclovias é muito importante, mas, como disse no post, não é a única política disponível. Talvez nem seja a melhor. Você diz que ciclovias e estrutura físicas adequadas para o uso da bicicleta exigem baixos investimentos. São baixos mesmo? Quanto é o custo médio por km? Não seria melhor investirmos em uma revisão rigorosa dos limites de velocidade em todo centro urbano, de modo a equalizar o uso partilhado dos modos de transporte em um ambiente de segurança? Por que o cicloativismo não toma essa bandeira em defesa da segurança de TODOS os usuários do sistema viário?

    Por último, “ser gentil” no trânsito não é moralista. Não foi isso que eu disse. Moralismo é imaginar que os problemas no trânsito se resolvem se cada um for gentil e amoroso com o o próximo. Você tem razão: o pedestre e o ciclista são mal incluídos na educação para o trânsito, que ainda privilegia o papel central do carro e seu motorista. Não adianta muito incluir o ciclista e o pedestre, no entanto, para dizer que se todos formos legais uns com os outros poderemos partilhar em igualdade o espaço viário. Isso, sim, é moralismo. É não enxergar que as condições reais e materiais da circulação também têm que ser transfomadas.

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  5. A bicicleta pode ser usada não como um veiculo único para
    uma mesma viagem,mais para complementa-la ao expl do que e feito na
    França na Italia onde estações de bicicletas,com controle
    eletronico para seu uso, instaladas nos terminais de Metros,VLTs,
    estacionamentos,permitindo que as pessoas usem esse veículo como
    complemento da viagem.As bicicletas são retiradas por uso de cartão
    eletronico em uma estação e devolvidas na estação de destino do
    viajante,e a conta e paga em fatura no fim do mês de acordo com o
    tempo em horas de uso.Mais aqui na nossa terrinha tupiniquim, aqui
    no Nordeste, mais precisamente no Ceará em Fortaleza no trem do
    suburbio tem um vagão onde os viajantes podem transportar as suas
    bikes,( nos EEUA existem onibus assim) ou seja: deslocam-se das
    suas casas ate a proxima estação,viajam no trem dessem no destino,
    e complementam o resto da viagem nas duas rodas.Que bom
    eeeeemmm!!!… Pois é…para quem acha que no Ceara não tem disso
    não,ate no Cariri não se anda mais de Pau de Arara,pois la ja tem
    um moderno VLT automotriz,fabricado la mesmo,que trafega em via
    singela no percurso de 13,6 klms ligando Crato a Joazeiro do
    Norte.E nos aqui em Salvador estamos sendo ameaçados por um tal de
    BRT,…CRUZ CREDO.E o nosso METRinhO de 6 klms esta proximo de
    completar 15 anos de inércia. – http://www.pregopontocom.blogspot.com
    Pregopontocom @ Tudo

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