Em 11 de maio de 2011, a Organização das Nações Unidas (ONU) liderou o lançamento de um movimento global pela segurança no trânsito a fim de estimular esforços para conter e reverter a tendência crescente de mortes e ferimentos graves em acidentes no trânsito.
A Década Mundial de Ação pela Segurança no Trânsito nos convida para um desafio ambicioso ao longo da década 2011-2020:
reduzir em 50% as mortes no trânsito
É um desafio de governos, países, estados e cidades, mas não apenas – a Década é também um desafio das sociedades civis, de cada família, de cada escola e de cada indivíduo pela conquista de ruas mais seguras, cidades mais sustentáveis e uma vida melhor e mais saudável.
Violência no trânsito: uma história brasileira
Desde 2004, a Organização Mundial da Saúde (OMS) vem alertando para a expansão acelerada das mortes no trânsito no mundo, especialmente nos países mais pobres e em desenvolvimento das Américas, da África e da Ásia. Nesses continentes, a violência no trânsito assumiu características de uma epidemia e se tornou um dos principiais problemas de saúde pública da atualidade. Estima-se que, até 2030, os acidentes de trânsito representarão a quinta maior causa de morte no planeta, ultrapassando diversas outras causas de violência e doenças, tais como malária, tuberculose, diabetes e HIV/Aids.
A violência no trânsito tornou-se um dos mais graves problemas de saúde pública da atualidade. O alerta é global, mas tem como alvo um grupo específico de países, que concentra 48% das mortes no mundo:
O Brasil ocupa a quarta posição mundial entre os países com maior número de mortos e feridos no trânsito. Na primeira década do século XXI, essa situação foi marcada pelo crescimento contínuo da violência em nossas ruas e estradas. Entre 2000 e 2015, quase 500 mil brasileiros perderam a vida em colisões e atropelamentos e muitos milhões com ferimentos moderados ou graves, entre os quais centenas de milhares com sequelas e incapacitações físicas irreversíveis.Ao longo dos últimos anos, um número crescente de brasileiros morreu e se feriu no trânsito, ao mesmo tempo que nos transformamos em um dos maiores produtores e consumidores de veículos automotores do mundo.
A frota de veículos brasileira (incluindo caminhões, ônibus, automóveis e, principalmente, motocicletas) cresceu fortemente, promovendo uma transformação muito importante no modo de vida nas grandes e médias cidades, mas também nas pequenas comunidades espalhadas por todas as regiões do País.
O grande número de veículos nas ruas das cidades contribuiu para maiores riscos e maior vulnerabilidade das pessoas mais frágeis no trânsito: os pedestres, os ciclistas e também os motociclistas. Motorizamos nossa vida cotidiana, mas não preparamos ambientes mais seguros nem formamos usuários mais protegidos e conscientes.
Futuros roubados
A violência no trânsito no Brasil é uma triste realidade que permeia a vida de famílias de todas as raças, culturas ou religiões, classes de renda e níveis de escolaridade, do Sul ao Norte do País.
Entretanto, não estamos todos igualmente sujeitos aos mesmos riscos. Há um período da vida em que os riscos da mobilidade se tornam crescentes e especialmente perversos – um longo período que coincide com os anos escolares da educação básica da juventude.
Nossas crianças e nossos adolescentes formam um grupo especialmente vulnerável à violência em geral ao longo das três etapas da educação básica: a Educação Infantil (para crianças de 0 a 5 anos), o Ensino Fundamental (para alunos de 6 a 14 anos) e o Ensino Médio (para alunos de 15 a 17 anos).
As mortes no trânsito na faixa etária de 0 a 19 anos cresceram 54,5% na primeira década do século XXI. Em 2010, de cada 10 jovens com menos de 19 anos que morreram por causas externas (englobando todas as causas violentas e não naturais), 3 perderam a vida em acidentes de trânsito. Esses acidentes já representavam a segunda maior causa de morte a partir de 1 ano de idade e se mantinham assim até o início da maioridade (e, na verdade, até pelo menos os 35 anos de idade).
Os riscos e a alta exposição de crianças e adolescentes à violência no trânsito têm duas características marcantes durante o período escolar:
- entre 5 e 14 anos de idade, os atropelamentos são responsáveis por aproximadamente 40% do total de mortes no trânsito, seguidos pela situação ainda vulnerável dos passageiros de automóveis (seja pelo não uso de assentos especiais ou do cinto de segurança ou pelo uso incorreto desses mecanismos), condição em que morrem 25% das crianças nessa faixa etária vítimas do trânsito no Brasil;
- entre 15 e 19 anos, os atropelamentos se tornam muito menos comuns (representando 12,2% de mortes no trânsito), a vulnerabilidade da condição de passageiro de automóveis (muitas vezes devido ao não uso do cinto de segurança no banco traseiro) ainda se mantém importante (19,3% das mortes), mas uma nova condição de alto risco se consolida: 38,8% dos adolescentes nessa faixa etária vítimas da violência no trânsito morreram como carona (ou piloto) de motocicleta.
Na medida em que conquistam progressivamente mais autonomia e independência na circulação, parte fundamental de seu desenvolvimento psicossocial e de sua condição de participantes ativos da vida comunitária, nossas crianças e nossos adolescentes encontram riscos de saúde cada vez mais complexos decorrentes da violência no trânsito.
Milhares de jovens não sobrevivem a esses riscos, como sabemos. Escapam dessa contabilidade anual, porém: a incomensurável ruptura dos núcleos familiares, que conhecemos pela dor de pais e mães, irmãos, tios, avós; o impacto humano e emocional dos policiais e dos bombeiros que resgatam os corpos no asfalto; a ausência do melhor amigo e do aluno na sala de aula. Quantas são, afinal, as vítimas das vítimas?
A violência irradia seus efeitos como ondas que repercutem profunda e longamente por todo o tecido social:
todos nos machucamos
Assim, cada criança e cada adolescente que não protegemos são parte um futuro do qual abdicamos e são parte de um desenvolvimento mais justo e equânime, que perdemos na tragédia das ruas e rodovias.
Educar para a segurança nas ruas
É inequívoca a urgência e a alta relevância do tema da violência no trânsito na vida nacional, sobretudo pelos múltiplos impactos humanos sociais e econômicos de longa duração e a reposta do Governo Federal foi o lançamento, em 2011 do PARADA – Pacto Nacional pela Redução de Acidentes, com o objetivo de promover campanhas de conscientização, ações de mobilização e educativas
O tema da violência no trânsito consubstancia, sob todos os ângulos, a necessidade ética e política de uma aliança entre as instituições nacionais, num esforço genuíno de integração de recursos humanos, intelectuais e materiais entre setores do Estado e todas as formas legítimas de organização da sociedade civil.
O conceito-chave da Década Mundial de Ação pela Segurança no Trânsito são as responsabilidades compartilhadas, que incluem e definem o papel fundamental dos sistemas de educação, pública e privada, e dos educadores e gestores na conquista de um trânsito mais seguro e mais justo.
É preciso apoiar a implementação da educação para o trânsito nas escolas brasileiras, desde o início do Ensino Fundamental, visando oferecer a crianças e adolescentes competências para o progressivo exercício do autocuidado no trânsito.
Queremos crianças e jovens capazes de lidar de modo inteligente com os riscos da mobilidade. Entretanto, para que a educação para o trânsito aconteça – de verdade – na escola, é necessário que os professores estejam preparados para orientar seus alunos sobre essa temática.
Por sua grande complexidade intrínseca, a questão da violência no trânsito se apresenta como um tema transversal, perpassando várias disciplinas e estando incluído também no tema transversal “saúde”, como proposto nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Assim, o tema “violência no trânsito” deve ser incorporado às práticas pedagógicas: como um gatilho poderoso que pode trazer à tona, em sala de aula, questões sociais que favorecem a prática do debate democrático e da cidadania, possibilitando o diálogo sobre valores e sobre atitudes individuais e coletivas.
A construção de um programa de educação para o trânsito demanda o engajamento consciente da comunidade escolar nesse amplo arco de alianças pela segurança, e isso implica a superação de várias lacunas, tanto em relação à capacitação e à gestão quanto em relação à disponibilidade de materiais didáticos.
O Projeto Trânsito na Escola
Alinhada com a meta global da ONU e do Governo Brasileiro de redução da mortalidade no trânsito e em resposta à sua responsabilidade pela promoção da saúde, a Editora Melhoramentos desenvolveu o Projeto “Trânsito na escola”, compreendendo uma coleção de livros para alunos e professores do Ensino Fundamental e para a qualificação dos educadores, visando formar cidadãos competentes para o autocuidado na mobilidade, seja como pedestres, ciclistas, passageiros de veículos motorizados e usuários do transporte público.
Objetivos específicos
1
2
3
4
Descrição do Projeto
O Projeto Trânsito na Escola compreende:
(a) palestras e oficinas destinadas aos educadores, focadas na educação para a segurança nas ruas por meio da competência de crianças e jovens para a transformação da qualidade de vida nas escolas, nos bairros e nos espaços públicos das cidades;
(b) livros para os alunos, com conteúdos que procuram conscientizar os estudantes sobre a necessidade de saber transitar com segurança; e
(c) kit para os professores, que inclui os materiais do aluno e um Livro do Professor, com propostas de orientação e reflexão voltadas para a educação de crianças e jovens, focalizando o autocuidado no trânsito e a transformação dos riscos da mobilidade.
Materiais
- Livro I – VAMOS PASSEAR DE CARRO!
- Livro II – PARE, OLHE E ESCUTE
- Livro III – A CALÇADA E VOCÊ
- Livro IV – EU& MINHA MAGRELA
- Livro V – TRAVESSIAS SEGURAS NA CIDADE
- Livro VI – VOCÊ FALA MINHA LÍNGUA?
- Livro VII – MOBILIDADE SUSTENTÁVEL
- Livro VIII – OS RISCOS
- Livro IX – ANATOMIA DE UM ACIDENTE DE TRÂNSITO
- Livros do Professor – EDUCAR PARA A SEGURANÇA NAS RUAS (Ensino Fundamental I e II)
Autores
Os conteúdos dos nove livros do Projeto Trânsito na Escola, destinados aos alunos, e do Livro do Professor foram desenvolvidos pelo sociólogo Eduardo Biavati, pesquisador do tema da violência no trânsito há mais de vinte anos e consultor nacional de diversos órgãos gestores do Sistema Nacional de Trânsito, e autor do livro Rota de Colisão: A cidade, o trânsito e você, publicado pela editora Berlendis&Verttechia, livro que apresenta novas razões para nos protegermos no trânsito, mas alerta que somente juntos conseguiremos mudar a realidade nas ruas de nossas cidades.
As ilustrações dos livros do Projeto foram feitas por Ziraldo, que trabalhou cuidadosamente as ilustrações, adequando-as ao contexto do conteúdo, sem deixar de utilizar a sua linguagem, com a qual se identificam crianças e adolescentes.
Formação de multiplicadores
As formações de multiplicadores são compostas por um minicurso, complementado por oficinas temáticas e o uso intensivo de plataforma de comunicação digital.
Duração: 8h (oito horas).
Público: Técnicos da rede, coordenadores pedagógicos e docentes.
O minicurso tem por objetivo consolidar a compreensão do fenômeno multidimensional e histórico de transformação das ruas e das cidades em fator de risco para os membros da comunidade e, especialmente, para crianças e jovens. Essa compreensão fundamenta o engajamento dos alunos, das famílias e da comunidade de educadores pelo resgate da segurança nas ruas, muito mais do que apenas no trânsito, e de uma mobilidade saudável, além de segura. O minicurso visa, ainda, fortalecer a integração intersetorial entre educação, trânsito e saúde.
OFICINAS TEMÁTICAS
Duração: 8h (oito horas).
Público: Técnicos da rede, coordenadores pedagógicos, docentes.
As oficinas permitem o aprofundamento conceitual e a ampliação do debate sobre eixos centrais da proposta de promoção do protagonismo dos jovens alunos, focando em questões contemporâneas da ação política pela segurança no trânsito. As oficinas são oportunidades de expansão da intersetorialidade e, ao mesmo tempo, de atualização dos conhecimentos.
(a) Cidades para pessoas: Os pedestres (2h)
(b) Mobilidade urbana e saúde: Desafios contemporâneos (2h)
(c) Cidadãos ciclistas: A vez dos meios de transporte não-motorizados (2h)
(d) Transporte público (2h)
Público: Técnicos da rede, coordenadores pedagógicos, docentes e alunos.
A plataforma digital do projeto Trânsito na Escola constitui um acervo de textos analíticos e de fontes nacionais e internacionais de consulta e permite a interação direta entre o autor, professores e alunos. O intercâmbio de informações é sistematizado periodicamente por meio de:
(a) Textos complementares para discussão.
(b) Links de acesso a pesquisa de fontes primárias/pesquisas nacionais e internacionais.
(c) Fórum de discussões com o autor.
(d) Transmissão ao vivo. Ferramenta tecnológica pela qual toda a comunidade escolar pode participar a distância de um bate-papo virtual com um formador do Projeto. Todos os participantes interessados podem assistir ao vídeo e enviar perguntas em tempo real em data e horário definidos previamente.
CERTIFICADO DE PARTICIPAÇÃO DE 30 HORAS
Parabéns! Eduardo Biavatti,
Mal posso esperar para ler todos os livros dessa grande parceria. São iniciativas como essa que fortalecem o nosso trabalho.
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Onde posso adquirir os livros?
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Sempre estou trabalhando as regras de transito com meus alunos do 5° ano pois a própria palavra TRANSITO ja faz parte do dia a dia . porém sinto uma necessidade de explorar as atividades extra classe, mas me entristeço pois na minha cidade não tem sequer uma sinalização, é uma cidade com quase 50 mil habitantes, como pode se conscientizar os se o poder público faz descaso em relação à situação, Assim como baixaram portaria para a educação no transito , deveriam também obrigar o poder publico agir com responsabilidade, pelo menos sinalizando sus vias.
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Gostaria de saber como adquiro esses exemplares, caso queiram me mandar. agradeço. doarei para a escola.
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Olá!
Sou Educadora de Trânsito do meu município, e gostaria de saber como consigo os livros.
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ONDE POSSO ADQUIRIR OS LIVROS?
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Onde adquirir e quanto custam os livros.
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como faço para adquirir os livros?
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Boa tarde! Gostaria de saber mais sobre a plataforma digital. E onde é possível encontrar os livros sitados acima.Ainda ha a possibilidade de fazer o curso pela plataforma digital?
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