Seremos menos aguerridos, haverá menos crianças nas ruas, talvez menos ruas do que veículos, mais mulheres do que homens, muitos idosos a cuidar.
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Os jovens-ponte | 4 anos depois, 2 meses antes da 2a Conferência Global da Década de Ação pela Segurança Viária
Há quatro anos nesta data, publicava nesse espaço um resumo e algumas reflexões sobre a interessantíssima pesquisa “O sonho brasileiro”. A pesquisa mirava esse grupo complexo e potencialmente transformador dos jovens adultos, com idade entre 18 e 25 anos e trazia pistas sobre uma descoberta: a identificação de um tipo de jovem, articulado e articulador, consumista de valores e símbolos de seu tempo e, também, metamorfoseador de tudo – um “jovem-ponte”. Diante dessa juventude contemporânea e desse sujeito dialógico e “ponte”, questionava o distanciamento das estratégias da educação para o trânsito para alcançá-la. Relendo a publicação hoje, tenho certeza de que distância ainda é imensa e está intacta; talvez porque pouquíssimo tenha sido feito para reduzi-la, muito provavelmente porque a distância não é apenas geracional, mas temática. Queríamos falar de trânsito e de segurança, e eles, ao que parece, falam hoje de mobilidade, de outra cidade, de um espaço que tem que ser ocupado e transformado.
A faixa etária de 18 a 24 anos é um centro gerador de influência da sociedade global de consumo. Tudo o que transpira desses jovens impacta cada vez mais o conjunto da sociedade – os mais novos aspiram a ser como eles, os mais velhos são por eles inspirados. A juventude tornou-se uma síntese dos tempos de hiperconsumo, uma espécie de estado simbólico insaciável que invadiu a infância e avançou léguas sobre a vida adulta.
A educação para o trânsito deveria dedicar atenção à dinâmica dessa juventude porque concentram-se nesses anos a criação e a disseminação de novas idéias, a experimentação de novos comportamentos, a emergência e a dissolução de estilos de vida. É um período riquíssimo sob muitos aspectos e, também, de riscos máximos de morte e lesões no trânsito.
Ao invés de tratá-la como um caso perdido que um bom “trabalho de base” resolverá um dia, poderíamos começar nos perguntando, por exemplo, quais são os sonhos dos jovens brasileiros hoje. A sondagem de suas representações de futuro – o que eles sonham para suas vidas e o que eles sonham para o Brasil – talvez ajude a repensar como pretendemos engajá-los em condutas de segurança no trânsito e torná-los disseminadores de novos hábitos de saúde.
Michelin Best Driver 2014 – a conversa com os universitários
Em 2014, o Programa Michelin Best Driver, uma iniciativa inédita do Grupo Michelin, dirigido ao público jovem universitário, contou com a consultoria técnica do sociólogo e a participação em todos os talk-shows que percorreram 15 universidades em oito capitais do país.
O Programa Michelin Best Driver integrou o formato de palestras à dinâmica de uma competição pelo melhor comportamento no trânsito, medido objetivamente por tecnologia de telemetria instalada nos carros dos universitários. Mais do que o repasse de conhecimento, portanto, a experiência promoveu, de fato, a mudança real de condutas que puderam ser quantificadas e a multiplicação da idéia de que juntos podemos salvar milhões de vidas.
Nossa mobilidade conectada: resumo da conversa
Eduardo Biavati e Luis Felipe Pondé conversaram com Felipe Solari sobre Celular e Direção. Um papo que aconteceu dia 05/08, ao vivo via Periscope, no escritório do Twitter, em São Paulo. Veja aqui um pouco do que rolou e assista aos melhores momentos dessa conversa.
Dia 19/08 15h – Gustavo Gitti e Xico Sá conversam sobre Celular e relacionamentos
Dia 02/09 15h – Luis Fernando Correia e Luiz Felipe Pondé conversam sobre Celular e pequenos acidentes
Dia 16/09 15h – Phelipe Cruz e Rafael Cortez conversam sobre Celular e momentos
Dia 30/09 15h – Bia Granja e Daniella Freixo de Faria conversam sobre Celular e criança
Ruim da cabeça e doente do pé. Breves notas sobre mobilidade e saúde no Brasil
O Ministério da Saúde publicou recentemente o relatório final da oitava edição (2013) do VIGITEL (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), pesquisa anual realizada desde 2006 em todas as capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal.
O VIGITEL é uma das muitas fontes de conhecimento epidemiológico e de investigação empírica, cientificamente estruturada, sobre a saúde da população que costumam passar ignoradas, quase sempre invisíveis aos olhos dos profissionais e gestores do trânsito. Propomos aos quatro ventos o compartilhamento de responsabilidades, promovemos a formação de comitês intersetoriais mas, de fato, mantemo-nos ainda em nossos universos particulares de preocupações: o trânsito fala de trânsito, o transporte fala de transporte, e assim por diante. Os resultados do VIGITEL, ao contrário, ensinam que a compreensão sincrônica e complexa da realidade é uma necessidade que antecede a intervenção e, especialmente, a política pública. É a lição, também, que ensinam as Pesquisas Nacionais da Saúde do Escolar (PENSE), realizadas pelo Ministério da Saúde e pelo IBGE em 2009 (comentada aqui há alguns anos) e 2012, ambas leituras obrigatórias para qualquer um interessado em promover a segurança viária e a saúde dos nossos jovens adolescentes. Continuar lendo Ruim da cabeça e doente do pé. Breves notas sobre mobilidade e saúde no Brasil
Baladeiros paulistanos
Alo! Alo! galera da segurança no trânsito
Nova pesquisa do CEBRID/UNIFESP (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas) afirma que mais da metade dos baladeiros paulistanos que vão a casas noturnas em sampa tem por objetivo ficar bêbado.
Tanta gente bêbada não teria muito critério em escolher um motorista sóbrio, confere?
Sim, confere, tanto entre os marmanjos como entre as marmanjas da hora: 6 entre 10 baladeiros afirma que já foi carona de condutor embriagado na saída das baladas.
Deveríamos ficar surpresos?
Segurança, mobilidade e juventude: novas alianças
Resumo da nova palestra apresentada ao “Seminario Nacional sobre Advocacy para ONGs com foco em Segurança no Trânsito“, promovido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e Global Road Safety Partnership (GRSP), em Brasília, nos dias 12 e 13 de agosto.
O foco da palestra é a idéia de que segurança no trânsito é um hábito de saúde que pode ser promovido no contexto do Programa Saúde na Escola do MEC/MS. Transito NÃO É um novo tema transversal; transversal já é o tema da Saúde.
Os dados nacionais de mortalidade e morbidade em acidentes de trânsito, referentes a 2011 e a longas séries históricas, abrem caminho para a apresentação dos novos (e, muitas vezes, ruins) resultados da PENSE e comparações pontuais com dados de 2009 da mesma pesquisa. A quem interessar, escrevi um longo post em 2009, a ser reescrito em breve, quando a pesquisa foi realizada pela primeira vez: “Vocês sabem com quem estão falando? Hábitos e Riscos dos jovens no Brasil“.
Nessa segunda edição da pesquisa, a abrangência foi grandemente ampliada e, agora, além da situação dos jovens nas capitais e DF, os dados são representativos, também, do universo nacional e por Grandes Regiões, de alunos do 9o ano do Ensino Fundamental, da rede pública e privada.
A PENSE nos fornece pistas extraordinárias de novas alianças com a promoção de saúde. Ela ensina a pensar sociologicamente questões que são de natureza sistêmica, histórica e social. Sobretudo, a PENSE indica que devemos pensar além da “segurança no trânsito” e a reconquistarmos a SEGURANÇA NAS RUAS.
Para ler com máxima atenção e toda gravidade possível.