Isto é uma regra

Deveríamos celebrar o importantíssimo avanço da introdução da obrigatoriedade de uso dos mecanismos de retenção de crianças nos carros; mas só temos a lamentar a irracionalidade tecnocrática e esse espírito rococó, sempre pronto a torcer os fatos em nome de privilégios e excessões.

Queríamos a segurança das crianças, ganhamos um labirinto que inviabiliza a universalidade de qualquer regra.

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Infográfico Simon Ducroquet/Folhapress 08/09/2010
Infográfico publicado pela Folha de São Paulo, Cotidiano, em 08/09/2010 Simon Ducroquet/Folhapress

© Eduardo Biavati e biavati.wordpress.com, 2008/2011.

Uso não autorizado e/ou publicação desse material, em qualquer meio, sem permissão expressa e escrita do autor do blog e/ou proprietário é estritamente proibida. Trechos e links podem ser utilizados, garantidos o crédito integral e claro a Eduardo Biavati e biavati.wordpress.com e o direcionamento apropriado e específico ao conteúdo original.

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Ata-nos! A segurança dos ocupantes

Uma simples fita de nylon, fixada em três pontos na estrutura do veículo, que passa de um lado a outro da linha do quadril e diagonalmente ao longo do tórax do ocupante, com um único objetivo: retê-lo no assento, em caso de colisão. Conhecemos essa fita pelo nome de cinto de segurança, uma das maiores invenções da indústria automobilística no Século XX.

O cinto de segurança salva vidas e, sobretudo, contribui decisivamente para a redução da gravidade das lesões do motorista e dos passageiros em um acidente de trânsito. A chance de sobrevivência torna-se 50% maior, mas requer uma decisão e uma ação concreta do ocupante do veículo: usar o cinto.

Por muito tempo, o uso do cinto foi uma opção das pessoas e quase não lembramos mais que praticamente ninguém escolhia usá-lo nos veículos brasileiros até 1997. O novo Código de Trânsito Brasileiro catalisou, então, a transformação da letra morta da obrigatoriedade do uso do cinto em uma realidade que se impôs firme pela fiscalização e penalidades rigorosas, somadas à uma ampla campanha de educação. Aprendemos a usar o cinto e, mais do que isso, adotamos um hábito que é repetido hoje por mais de 90% dos motoristas e passageiros do banco dianteiro no país.

O cinto de segurança foi o objeto de uma revolução cultural que salvou a vida de milhares de brasileiros e de mais de 1 milhão e meio de pessoas em todo mundo. A revolução estancou, porém, quando chegou ao terreno do banco traseiro. Pouquíssimos brasileiros o considera importante quando viajam lá atrás – apenas 1 pessoa em cada 10 decide não viajar solta; o resto segue ignorante de que suas chances são 2 vezes maiores de sofrer lesões graves ou fatais e, além disso, agravar os ferimentos do passageiros da frente, mesmo quando estes estão usando o cinto.

Esse é o desafio proposto pela Semana Nacional de Trânsito de 2010 – universalizar a adesão ao cinto de segurança por todos os ocupantes dos veículos. Devemos conquistar os jovens para o uso consciente do cinto, reforçando suas atitudes de autocuidado, e, antes deles, conquistar as crianças, que agora contam com regras precisas para viajar como passageiras no banco traseiro.

A introdução dos dispositivos obrigatórios de transporte de crianças até 7 anos e meio demanda o aprendizado de novas habilidades pelos pais, mas sobretudo os torna objetivamente responsáveis pela segurança da criança no veículo ao longo do seu crescimento. É preciso fomentar essa responsabilidade, torná-los vigilantes das novas regras e, afinal, formadores de futuros jovens para os quais será inquestionável usar o cinto no banco traseiro, nas noites de balada que virão.

Temos a oportunidade, assim, de preencher antigas lacunas e dar um passo além na disseminação do entendimento de que a segurança de cada um depende da segurança de todos – partilhamos juntos uma mesma viagem.

São Paulo, Junho de 2010

Eduardo Biavati

[texto de apresentação da Semana Nacional de Trânsito de 2010, de 18 a 25 de setembro, publicado pelo DENATRAN]

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Violência no trânsito: como mudar comportamentos?

Em 2009, a ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos) promoveu um seminário intitulado “Desafios para o trânsito no Brasil”, realizado em Campo Grande/MS.

Nem precisamos lembrar que não são poucos e é claro que a educação para o trânsito estava mais uma vez lá, na velha lista dos “A FAZERES“, sempre incomodada, acossada com uma velha cobrança:

“e aí?

Vão fazer o que com a violência no trânsito? Dá pra contribuir? Como mudar os comportamentos?”
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