o poder da força maior


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Na semana que passou, o Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN) comunicou aos interessados o cancelamento da cerimônia de premiação do XIII Prêmio DENATRAN de Educação no Trânsito.

Que chato! Que decepção! Essas coisas acontecem, infelizmente. Pior mesmo é engolir o mistério, o cala-boca, o não-dou-satisfação, tudo resumido no “motivo de força maior”.

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As pessoas lidam bem com fenômenos que lhes escapam à compreensão – um terremoto, por exemplo, a força incalculável de um tornado, a destruição larga de um rio que sai de suas margens depois de forte temporal. Mas a “força maior” é o que exatamente? A força maior é a que tem mais poder? Ela é maior do que? De onde provêm?

Seria bom saber, eu acho que seria respeitoso desvendar. Sempre quis saber o que se esconde por trás da “força maior”. Faltou dinheiro? Pronto, é só dizer, tão simples; as pessoas ficariam igualmente decepcionadas, mas engoliriam o choro, e acabou.

Então, diante do silêncio e dos mistérios da “força maior”, entabulamos, eu e um grande amigo, uma conversa digital:

força maior ou competência menor?

– repare como tudo é relativo: a força maior pode ser uma força pífia, a depender da resistência (e da força, portanto) que se lhe opõe.

mas quem faz resistência, cara pálida?

– como assim? não teve resistência? nenhuma? não acredito! há de ter havido alguma! a força somente se faz maior diante da resistência menor. Sim! Houve resistência, não duvido.

sou mais pela resilência… Uma palavra que anda na moda e que tem muitos significados. Na psicologia, li que ser resiliente é o indivíduo que tem a chance de tomar uma atitude que é correta mas não o faz por medo do que isso possa ocasionar.É saber lidar com a pressão. Ou não, como diria Caetano…

– a resiliência tem a ver, também, com uma capacidade de SUPERAÇÃO DE LIMITES, de reinvenção, de fazer “das tripas, coração”, de “renascer das cinzas”, de “dar a volta por cima”. Acabei de consultar a Wikipedia, muito útil, que diz que “resiliência é um conceito psicológico emprestado da física, definido como a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas – choque, estresse etc. – sem entrar em surto psicológico“. Ah bom! 

Não é qualidade de qualquer um, nem de qualquer instituição, cá entre nós.

Publicado por

biavati

Sociólogo, escritor, palestrante e consultor em segurança no trânsito, promoção de saúde e juventude.

6 comentários em “o poder da força maior”

  1. Olá Biavatti. Como sempre a acidez extrapola seus posts. No site do DENATRAN existe um canal SIC no qual qualquer cidadão pode solicitar a informação que desejar . Com um prazo máximo de 5 dias para a resposta. Importante que caso utilize este canal, a informação seja exclusivamente para seu conhecimento, Pode inclusive solicitar cópia dos processos a fim de conhecer o real motivo do cancelamento. e conhecer também todo o trâmite no qual o processo caminhou dentro do Departamento. Somente a cerimônia de premiação não aconteceu, mas todos os premiados receberam em suas contas o real valor depositado pelo seu trabalho.
    Talvez você poderia também ler o edital, e ver que isto é possível acontecer, não só no DENATRAN mas em qualquer outro tipo de concurso, amparado pela lei 8666. Ah, acredito que seja de seu conhecimento que o prêmio é uma modalidade de licitação regida pela lei federal 8666, na qual todo servidor tem o dever de cumprir. Pode ter certeza que Eu e toda minha equipe da Educação ficamos muito tristes por não termos realizado a cerimônia. atenciosamente, Maria Cristina Hoffmann

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  2. Oi, Cristina,

    Eu não critiquei a inacessibilidade da informação sobre os “motivos de força maior” e não duvido que sejam vários – embora bem conhecidos de longa data. A Lei do Acesso à Informação garantiria total conhecimento sobre os tais motivos, sem dúvida. Não se trata de segredo de Estado, muito pelo contrário, tratou-se apenas uma execução banal e corriqueira, como você aponta, de um artigo previsto em outra lei, a 8.666. Não haveria sigilo algum nisso que eu possa imaginar. Se eu utilizasse, porém, o SIC para obter a substância do processo que se esconde por trás dos “motivos de força maior”, certamente eu publicaria isso para todos os que pudessem ler e ouvir. Se a informação fosse de meu “exclusivo” uso, ela não passaria de letra morta, uma burocracia estéril e esse não pode ser o espírito da LIC.

    Minha questão nesse post não diz respeito, porém, a nada disso e nem duvida de que os gestores diretos da equipe da educação compartilhem a tristeza pelo ocorrido. Eu sei exatamente que a organização desse prêmio é um esforço anual monumental dessa pequena equipe. A questão diz respeito ao ocultamento dos “motivos de força maior” do cancelamento da entrega do prêmio porque, afinal, se não são tão relevantes assim bem poderiam vir a público. Qual é o problema de revelá-los?

    A ocultação dos “motivos” foi uma péssima decisão institucional, não importa que os vencedores tenham recebido cada real a que tiveram direito. O prêmio, suponho, é muito mais do que o prêmio – é um reconhecimento público, é a oportunidade do encontro, é a rede que se forma, é a troca de conhecimentos que se proporciona, é a aliança simbólica que se forja entre gestores, pesquisadores e cidadãos comuns e essa entidade um tanto mítica e geralmente muito distante que é o departamento nacional de trânsito. Faltou dizer que o prêmio é, claro, a festa e a celebração.

    Tudo isso foi soterrado pelos “motivos de força maior” e justificado com um artiguito de uma lei – uma atitude péssima e burocrata da instituição da qual discordo profundamente. Por isso, ao contrário do que lhe parece, fui bem pouco, minimamente, ácido. Deveria até ter extrapolado o post, mas nem isso fiz dessa vez. A gente vai se importando cada vez menos – essa é a verdade.

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  3. Fizemos a nossa Parte! Publicamos o edital do concurso, pagamos o prêmio! O que querem Mais?
    Talvez seja uma resposta, ou um pensamento oculto da instituição DENATRAN, e quando me refiro a instituição, falo de quem decide, de quem tem a caneta na mão. Se o fato transcende a esfera administrativa da instituição, porque não por as claras?
    Infelizmente vemos instituições públicas relacionadas ao trânsito, que não incorporam a magnitude do problema, relegando ao ” se der fazemos”, deixando a um segundo plano as questões de prevenção (leia-se educação para o trânsito). Sei que existem pessoas abnegadas de “fazem das tripas o coração”, apanham, se entristecem com o descaso com seus princípios e visões, estes são resilientes.
    Portanto sou solidário a crítica, focalizando-a para os gestores alienados, ou temerários de expor suas convicções, colocando toda uma instituição em descrédito, ou no mínimo, jogando-a na seara da desconfiança.
    Vejo que toda a crítica, se recebida de pensamento aberto, pode ser rebatida, que será útil a quem fez e a quem recebeu, pois a verdade pura não existe, e sim oportunidades de reflexão e autoanálise que fazem as pessoas, e por que não as instituições, crescerem.

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  4. A justificativa para o cancelamento realmente ficou obscura. Quem sabe eles não prorrogam a data. É só isso que o DENATRAN e CONTRAN sabem fazer: prorrogar, prorrogar, prorrogar. Enquanto isso pessoas morrem nas cidades e estradas… Procurem saber no CONTRAN a quanto tempo estão discutindo a Faixa Elevada para Travessia de Pedestres. Poderia salvar vidas num país que milhares morrem atropelados. Aliás está salvando, pois, muitos municipios não esperam a morosidade do CONTRAN e constroem as travessias elevadas mesmo assim. DENATRAN e CONTRAN precisam de reformulação já!!! Começando pelos seus dirigentes. Se bem q parece q nem Diretor o Denatran tem… Pode? Querem reduzir em 50% as mortes mas com um navio sem capitão….

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