de joelhos, de novo

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Pobre das montadoras, vivem num sufoco!

O que seria de todas elas sem um Estado forte (debaixo do braço), amigo fiel, sócio de todas as horas?

Pois é,  nossa indústria automobilística está de joelhos – de novo. A isenção generosa de muitos bilhões de reais do IPI foi minguando, o crédito encolhendo, os juros subindo, a Argentina cavando fundo a cova do Mercosul, a classe média emergente emergiu o que dava para emergir, a inadimplência é crescente, e o resultado é que alguém tem que pagar pelo mico do volume de carros em estoque.

Trocando em miúdos, o mico é o seguinte: ou pagam os trabalhadores que perderão seus empregos ou pagamos todos, coletivamente. Não existe a hipótese de a indústria pagar com seu próprio capital.

Tudo se resolverá até maio, segundo notícias recentes, e algumas medidas estão sendo pensadas para restabelecer prazos mais longos de financiamento, um fundo de garantias, além de um aperto nos Argentinos para abrirem as porteiras.

O Governo, parceirão mas durão como sempre, afirma que exigirá uma contrapartida: a indústria terá que reduzir suas margens de lucro dessa vez! É isso aí, vamos acreditar no discurso, mas não seria menos fantasioso se a contrapartida fosse o compromisso de investirem alguns bilhões na implantação de corredores exclusivos de transporte coletivo?

É pedir demais?

Fantasmas, cambalhotas e alguma malícia no Dia de Finados

Véspera de Finados é sempre um bom momento para falar de trânsito: é feriado nacional, muita gente na estrada, e mal teremos terminado de orar pelos mortos quando soubermos que outros tantos ficaram pelo caminho. O Dia de Finados no Brasil é cada vez mais um dia dos mortos no trânsito.

Não é preciso muita criatividade jornalística para juntar os assuntos. É o que fizeram o jornal O Globo, na edição de primeiro de novembro de 2009 e, agora, a revista Veja, na edição do dia 2 de novembro de 2011, Continuar lendo Fantasmas, cambalhotas e alguma malícia no Dia de Finados

Jingle bells

No glorioso, embora confuso e, afinal, completamente ignorado capítulo da “Educação para o Trânsito” do Código de Trânsito Brasileiro (se houver curiosidade, trata-se do capítulo VI), lê-se que:

Os Ministérios da Saúde, da Educação e do Desporto, do Trabalho, dos Transportes e da Justiça desenvolverão e implementarão programas destinados à prevenção de acidentes.

Para tão nobres responsabilidades, a lei prevê uma mordida no total arrecadado mensalmente do Prêmio do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais causados por Veículos Automotores de Via Terrestre, mais conhecido como:

Seguro D P V A T

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Ata-nos! A segurança dos ocupantes

Uma simples fita de nylon, fixada em três pontos na estrutura do veículo, que passa de um lado a outro da linha do quadril e diagonalmente ao longo do tórax do ocupante, com um único objetivo: retê-lo no assento, em caso de colisão. Conhecemos essa fita pelo nome de cinto de segurança, uma das maiores invenções da indústria automobilística no Século XX.

O cinto de segurança salva vidas e, sobretudo, contribui decisivamente para a redução da gravidade das lesões do motorista e dos passageiros em um acidente de trânsito. A chance de sobrevivência torna-se 50% maior, mas requer uma decisão e uma ação concreta do ocupante do veículo: usar o cinto.

Por muito tempo, o uso do cinto foi uma opção das pessoas e quase não lembramos mais que praticamente ninguém escolhia usá-lo nos veículos brasileiros até 1997. O novo Código de Trânsito Brasileiro catalisou, então, a transformação da letra morta da obrigatoriedade do uso do cinto em uma realidade que se impôs firme pela fiscalização e penalidades rigorosas, somadas à uma ampla campanha de educação. Aprendemos a usar o cinto e, mais do que isso, adotamos um hábito que é repetido hoje por mais de 90% dos motoristas e passageiros do banco dianteiro no país.

O cinto de segurança foi o objeto de uma revolução cultural que salvou a vida de milhares de brasileiros e de mais de 1 milhão e meio de pessoas em todo mundo. A revolução estancou, porém, quando chegou ao terreno do banco traseiro. Pouquíssimos brasileiros o considera importante quando viajam lá atrás – apenas 1 pessoa em cada 10 decide não viajar solta; o resto segue ignorante de que suas chances são 2 vezes maiores de sofrer lesões graves ou fatais e, além disso, agravar os ferimentos do passageiros da frente, mesmo quando estes estão usando o cinto.

Esse é o desafio proposto pela Semana Nacional de Trânsito de 2010 – universalizar a adesão ao cinto de segurança por todos os ocupantes dos veículos. Devemos conquistar os jovens para o uso consciente do cinto, reforçando suas atitudes de autocuidado, e, antes deles, conquistar as crianças, que agora contam com regras precisas para viajar como passageiras no banco traseiro.

A introdução dos dispositivos obrigatórios de transporte de crianças até 7 anos e meio demanda o aprendizado de novas habilidades pelos pais, mas sobretudo os torna objetivamente responsáveis pela segurança da criança no veículo ao longo do seu crescimento. É preciso fomentar essa responsabilidade, torná-los vigilantes das novas regras e, afinal, formadores de futuros jovens para os quais será inquestionável usar o cinto no banco traseiro, nas noites de balada que virão.

Temos a oportunidade, assim, de preencher antigas lacunas e dar um passo além na disseminação do entendimento de que a segurança de cada um depende da segurança de todos – partilhamos juntos uma mesma viagem.

São Paulo, Junho de 2010

Eduardo Biavati

[texto de apresentação da Semana Nacional de Trânsito de 2010, de 18 a 25 de setembro, publicado pelo DENATRAN]

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